Excesso do uso de eletrônicos pode ser prejudicial para os olhos; aumento do tempo de uso desses equipamentos por parte de crianças e adultos aumentou durante pandemia
O mundo eletrônico abriu portas, cortou caminhos, mas no final do dia os olhos dão sinais evidentes de cansaço pois os efeitos das horas seguidas de exposição a esses aparelhos podem ter consequências. “Quando utilizamos horas a fio estes dispositivos eletrônicos os olhos piscam menos e o resultado costuma ser sempre o mesmo: constantes dores de cabeça, olhos vermelhos, ressecados e com sensação de ardor”, explica Cláudia Benetti, médica oftalmologista pós-graduada em Medicina Integrativa.
Ainda para piorar, se a permanência diante destes aparelhos de luz azul for até tarde da noite, pode haver dificuldade para dormir, pouca disposição ao acordar e até problemas relacionados à concentração.
Nos últimos meses, a oftalmologista tem recebido pais e filhos com queixas muito parecidas, diagnosticadas como astenopia, a popularmente conhecida vista cansada, e reuniu algumas dicas para ajudar na qualidade da saúde dos olhos:
– Diminua as horas de exposição aos aparelhos que emitem luz azul e tire pausas a cada 50 minutos;
– Configure os aparelhos para obter letras maiores e não forçar tanto a vista;
– Passe mais tempo por dia ao ar livre – ou pelo menos olhando pela janela e para o céu;
-Force-se a piscar várias vezes seguidas quando estiver olhando para a tela para ajudar na lubrificação ocular;
– Realize as tarefas em um ambiente bem iluminado;
– Evite ficar até tarde da noite diante destes dispositivos;
– Procure dormir pelo menos 8 horas por noite;
– Utilize óculos com filtro para luz azul, o que impede que ela chegue à retina evitando as dores de cabeça e a fadiga ocular.
Estudos recentes mostram que a chamada luz azul, emitida por celulares, computadores e tablets, inibe a liberação da melatonina, hormônio que avisa ao cérebro que está na hora de dormir. “Sem a melatonina, o corpo não percebe que está na hora de descansar e não ‘desliga’, mantendo um estado de vigília constante que não é saudável”, explica a médica.
Segundo Cláudia, a falta de uma noite de sono reflete no desempenho de certas funções do organismo, que só acontecem durante o repouso, e na capacidade de concentração e aprendizado, já que muitas atividades cerebrais responsáveis por assimilar os conhecimentos adquiridos ocorrem durante o sono profundo. “Nas crianças, esses reflexos são muito mais acentuados e, por isso, a necessidade de manter um controle sobre o uso dos eletrônicos e das horas de sono”, ressalta.
Formada pela PUC-Campinas, especialista em Oftalmologia pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), pós-graduada em Medicina Chinesa e Acupuntura pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp) e pós-graduada em Medicina Integrativa pelo Hospital Israelita Albert Einstein.